Tenho a lembrança do meu período de infância, que existia na estante da casa do meu avô João Nogueira, um rádio de madeira que funcionava por meio de um sistema de válvulas. Cada frequência do aparelho exigia o esforço físico de girar um botão, com o objetivo de encontrar a melhor sintonia. O detalhe é que minha avó Nailde tinha como hábito ouvir a missa e o meu avô, assim que terminava a celebração girava os botões para sintonizar outra estação. 

Ao fazer relação com o ensino a distância e com essa história da minha infância, convido você a refletir que a comodidade dessa prática pedagógica, bem como a facilidade para quem não possui disponibilidade em fazer um curso presencial, passa ser um processo de aprendizagem independente, mas que pode ser prejudicada diretamente, quando a sintonia entre professor e aluno não está ajustada corretamente. 

Lembro-me que meus avôs praticavam o equilíbrio de dividir o mesmo rádio, com hábitos diferentes. Nesse sentido não há como conquistar o comprometimento e intensificar a motivação pelo ensino a distância, sem respeito aos diferenciais humanos. Na prática, torna-se necessário encontrar a melhor sintonia dos valores entre professor e aluno, principalmente quando em um período de 40 anos, analisamos a mudança de quatro gerações, com pensamentos, costumes e comportamentos diferenciados, com a presença dos clássicos profissionais (nascidos até 1945), os baby boomers (1946 e 1964), a geração X (1965 e 1982) e a geração Y (após 1983). Respeitar a opinião é uma tarefa que irá possibilitar reconhecimento e valorização de ideias, facilitando o relacionamento no ambiente virtual e favorecer uma aprendizagem mais significativa e atuante do aluno.

Diariamente cada pessoa pode parar nos obstáculos ou aprender por meio das superações. Pode acreditar na derrota ou fortalecer a emoção pela vitória. A quantidade de letras é semelhante, para as duas escolhas, da mesma maneira como para imaginar e realizar. Neste sentido não existe “mais ou menos”. Não há como educar, estudar, liderar ou estar comprometido “mais ou menos”. Participar de um ambiente virtual significa dialogar, expressar pensamentos, produzir conhecimento, tomar decisões e experiências, jamais permitindo ser um estudante “mais ou menos”. Quem pertence ao “time do menos” é sempre parte de um problema e frequentemente usa desculpas, enxerga uma dificuldade para cada resposta e diz “pode ser possível, mas é difícil de realizar”. Quem pertence ao “time do mais” é sempre parte de uma resposta, visualiza uma solução para cada problema e diz “pode ser difícil, mas é possível realizar”. Agora responda: Você faz parte do “time do menos” ou do vitorioso “time do mais”?

Parece aceitável o entendimento de combinar o estudo com a facilidade de decidir quando, como e onde estudar, contudo o descontrole do tempo necessário para leituras e o não envolvimento com os temas de pesquisas, podem tornar a sintonia entre professor e aluno prejudicada. Qual o motivo? Por não compreender a diferença existente em liberdade e libertinagem, o ensino a distância pode ser prejudicado. Embora a educação a distância seja realizada por mais diversos meios de comunicação, dificultando o estabelecimento de relação presencial entre emissor e receptor, parece importante mencionar que, para algumas pessoas, será necessário orientar o que é liberdade e o que vem a ser libertinagem, para que o próprio desempenho educacional não seja prejudicado. Compete ao educador atuar como mediador e orientador no compromisso de estabelecer uma relação justa e perfeita, fornecendo informações relevantes, de modo a enfrentar desafios, em vez de temê-los. Antes de reclamar que o ensino a distância não terá êxito, lembre-se do rádio dos meus avós e responda: A sintonia realmente está ajustada?

Dalmir Sant’Anna
Mestre em Administração de Empresa
Professor em Cursos de pós-graduação
www.dalmir.com.br

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